quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O regresso

E o regresso começou com um acordar cedo para o barco ate Sanur, com as ultimas fotos la em Nusa Lembongan ao amanhecer, com os olhos postos no mar e a sensação de saudade deste tempo sem tempo, deste tempo sem passado e sem futuro, sem expectativas ou desilusões, apenas o viver dos dias um atrás do outro, a saborear as horas que passaram, as vezes mais lentas que o tempo mas sempre com a rapidez que um mês de pausa da vida proporciona.



Houve a paragem em Kuta que só serviu para esperar algumas horas, sentar na praia povoada de gente e ver o por do sol, como todos os outros, e pintar, com as ultimas rupias, as unhas dos pés de um verde cor de mar e de algas.... acreditem que foi hilariante a parte de escolher a cor do verniz porque é coisa a que não estou nada habituada. Ficou bem fixe e lá fui eu com o por do sol posto, toda contente praia fora, a olhar para os meus pés morenos e nada bonitos mas agora coloridos e com a tristeza de os ter que esconder, a partir daquele momento.

E depois lá começou a espera pela hora da partida. Ainda acordei a meio da noite, sobressaltada com a trovoada forte e o óbvio corte de electricidade durante a noite toda, que me preocupou e me fez sonhar, sobressaltada, que na manha seguinte não teria voo para Jakarta e ficaria retida algures, por ter perdido os voos de regresso.

Não aconteceu nada disso, apanhei boleia na mota do segurança lá do hotel que ia a caminho de casa depois do turno da noite, que me levou atrás com as mochila hiper-pesada nas costas e eu meia em desequilibro, estrada fora, a ter que dar as indicações porque o velhote nunca tinha ido ate ao aeroporto. Encontramos o aeroporto e la fiquei. Os voos on time e sem espinhas. 1:45h ate Jakarta. Depois uma longa espera de 9h algures num banco, ora deitada ora sentada, ora a ler ou a ouvir o ipod e a amizade de quem também espera de um rapaz de Java, engenheiro hídrico que trabalha no Catar e que me deixou o seu mail para se um dia me decidir a visitar a ilha de Java. Lá fui eu, meia partida de tanto esperar, num voo de 2h ate Kuala Lumpur e depois de rajada meti-me no voo longo de mais de 13h até Londres. Deu apenas para perceber a discrepância na riqueza das lojas e no consumo desenfreado do aeroporto de KL. Fogo... já não estava habituada a tanto luxo e lojas.

O voo, sem espinhas. Dormi, vi 3 filmes, comi e voltei a dormir. Acompanhada por um Inglês típico e uma jovens Australiana, o voo custou porque demasiado e por saber que não era último.
Em Londres às 5:00h e com 5ºC lá fora, com chuvinha continua, claro. Autocarro para mudar de aeroporto, mais uma hora de espera e outra de viagem ate Gatwick. Lá cheguei, com frio, mas não tt quanto esperava e ai, já cansada e a pedir cama. Custou esperar mais 4:30h porque já tinha esperado tanto e desde há tantas horas. Encontrei um Marks and Spencer cheio de coisas boas que gostava de ter cá, nos nossos supermercados e o espírito natalício espalhado por todo o lado. Já me tinha esquecido disso. Já só faltam 2 semanas para o Natal e eu a milhas da coisa. Enfim. Apanho-o num instante, eu sei...

As 11:30h metida no avião da EasyJet e as 13:30h no Porto. Uff. Foi duro. Quatro voos e muitas horas dentro de aeroportos e outras tantas dentro de aviões. E um chegar a casa, e ela meia em pantanas mas 2 pequeninas de olho arregalado a olharem para mim, apesar de prontas a fugirem para o caso de não ser eu. Sempre era. E que bom chegar a casa, ter 2 pequeninas só para mim, um sofa, um cantinho meu.

A parte má, o frio e o céu escuro, carregado. O acordar as 5:30h da manha e a noite ainda lá fora e longa. O relembrar que o que deixei cá continua igual, os sonhos, as ilusões e desilusões, o trabalho (que já ouvi estar pior ainda), a Luisa. Tenho planos e uma casa para trocar. Tenho sonhos que me parecem cada vez mais difíceis de concretizar, e que continuam sonhos. Tenho tanto ainda que fazer. Tenho tudo ainda por fazer. Tudo. Uma vida por fazer. Espero, depois de passar o moreninho da pele e a cor nos pés, continuar a encontrar a alegria que encontrei lá, na Indonesia.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Nusa Lembongan em jeito de despedida

Fogo, gostei mesmo desta terrinha. Imagens fantasticas, fotos faceis de tirar porque fotogenica. Nusa Lembongan e uma surpresa agradavel porque inesperada. Encontra-se o encanto porque se fica e nao se parte na manha seguinte assustado com o there`s nothing to do here, como ouvi tantas vezes. Descobre-se a ilha percorrendo-a e encontrado os recantos, as pessoas, muito timidas numa primeira impressao, mas que nos convidam a entrar por sua casa dentro para uma fatia de manga, enquanto se espera que a chuva passe. Descobre-se uma ilha diferente dos resorts para lua de mel que se veem ao longe, dos turistas que sabes que estao la, mas que tu nao vez porque apenas metidos dentro de hoteis ou nos programinhas ja comprados.

Foi um descobrir da enorme desigualdade entre as pessoas da aldeia que apenas vivem das algas que cultivam no mar, e que passam a vida com o mar pela cintura e num vai-e-vem entre o mar e a praia, com cestos carregados de algas verdes e castanhas para nos (os ocidentais e os japoneses) comprarmos um saquinho de algas algures num supermercado caro perto da nossa confortavel casa. Foi descobrir a imensa desigualdade entre essas pessoas e os outros, os que recebem turistas que mal espreitam o outro lado da ilha. Onde o dinheiro lhes aparece facil, dos turistas cheio de dinheiro para esbanjar em barcos de recreio.

Adorei andar estrada fora, com o sol quente a queimar e a pele suada, com uma mao a segurar o mapinha da ilha e percorrer todas as estradinhas da ilha e da outra, irma e quase colada, subir montes e ver de la tudo, o mar picado a escavar na rocha e as praias com areia branquinha de coral.

E no fim, em jeito de despedida, uma cerimonia. Mais uma. Mais um funeral, (desta vez eram dois!), e sim, ca os funerais sao muito mais importantes do que os casamentos ou nascimentos. Importam porque e o modo como partimos, com o sentido de deixarmos em aberto a proxima vida. As familias preparam a cerimonia com muita antecedencia e gastam imenso dinheiro. No fim participa toda a aldeia. Nesta, que demorou imensas horas, primeiro ha o esperar. E foi ai que encontramos, todos sentados debaixo de uma arvore sagrada, vestidos a rigor. Havia um andor preparado e quando se juntou gente (homens) suficientes, houve o levantar em peso o tal andor, e em conjunto tentarem leva-lo estrada acima ate ao local de cremacao. Uma tortura. Um vai e vem, com muito suor e adrenalina, acompanhado de musica que dava o tom e todos nos, a assitencia, a puxar pelos homens, a ver se era desta. Houve muitas tentativas abortadas. Demorou horas, e sentia-se o pulsar do esforco daqueles homens. Duma vez so la conseguiram e atras deles uma procissao enorme, com todos os apetrechos simbolicos que nao entendo e nao consigo que me expliquem.

Uma velhinha toda catita agarrada a mim, ria-se e dizia very hot e eu quase a sentir que sim, que iria descobrir dentro em pouco o que e um golpe de calor, porque depois de horas em cima de uma mota e com o sol a pique, so com o pequeno almoco ha tantas horas atras.... passou quando a multidao toda, envolvida pela musica subiu monte acima, alegres e as gargalhadas (e proibido chorar pelo morto porque o impede de voltar noutra vida).

O Miguel, confundido com um jornalista, de tanta foto, e de estar em cima do acontecimento. Eu, como sempre, sem bateria da maquina nos momentos mais importantes (e um deja vue recorrente) a saborear as pessoas, o costume, a tradicao que ali estava a ser representada.
Acabamos exaustos, a almocar as 5h da tarde no nosso warung do costume e um final do dia relaxante com mais um por do sol com todos os barquinhos ao longe a ficarem bem na foto.

Ui!! foi um dia intenso, nada programado e que me soube a fim de ferias.
Hoje acordei cedo. Os galos...uma constante das ferias, que cantas em disputa pelo melhor cucuru por volta das 5,30h da manha, um must experience e uma imagem de marca da Indonesia. Retive a imagem do mar, vazio e espelhado. E os barcos e as pessoas na sua azafama do nascer do dia, ja na agua. No seu ganha pao. As algas.

Escrevo de Kuta. A cena mais parecida com o Algarve. Fica a poucos metros do aeroporto e dai esta paragem. Fomos directos ao aeroporto, eu para checkar o meu visto ja caducado (no problem, miss!) e o Miguel para partir para Makassar. Sempre foi (acabou de ir), com o programa de festas ate Rantepao e espreitar por la o que eu ja vi e gostei.
Antes ainda houve um mergulho na minha piscina (sim, este hotel tb tem piscina.... e comeco a habituar-me a estes luxos por 14 euros) e um jogo de basquet na agua. Perdi!

Resta-me olhar para a minha mochila e tentar fazer dela o que nao e, espacosa! Faltam poucas horas para jantar e dormir.
Amanha comeco cedo o regresso com muitas horas em avioes e aeroportos. Espero nao morrer de frio em Londres (chego as 5.30h da manha e com muito pouca roupa vestida). Estou no Porto as 13:55h de segunda feira, cheia de vontade de fazer muitos miminhos nas minhas meninas e de regressar a minha casinha que ja tem prazo de validade, mas que e o meu cantinho.

Beijinhos a todos os que me acompanharam nestes dias. Tenho saudades de todos. Mas foi muito bom partir. Soube a muita coisa. Soube a viagem e a descoberta. Soube a refrexao. Soube a pausa que tanto precisei.

Ate ja,

Luisa.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Nusa Lembongan, mais snorkling com tubarao a vista


Depois das primeiras impressoes do primeiro dia, hoje acordei bem cedinho e depois de um continental breakfast, fiz o que nao e nada meu habito, mudei de hotel para um simpatico mas muito mais barato (pouco 300 mil rupias nas 2 noites que me restam, porque cheguei a conclusao de nao ser preciso para nada do air con e das mariquices todas de um hotel caro. Fico na mesma com o mar em frente e um wc ao ar livre, para um chuveiro morno no regresso da praia. Assim fiz, combinado previamente e com o rapaz numa mota a minha espera para me levar ao meu novo aposento! A minha mochila, a rebentar pelas costuras (deixou de ser uma mochila de 10kg, para um peso bem superior, com o acumular de tralha que fui comprando), quase me fez desiquilibrar e deitar por terra o pobre rapaz que nao contava com tanto... ainda deu para rir...

Instalada, fui buscar uma bicla para ser mais facil o meu passeio e depois rumei a um local de mergulho para combinar uma partida para o snorkeling. Fiz-me ao mar em meia hora, toda equipada.... e mergulhei.
Um mar mais frio e com mais ondas, mas com milhentos peixes e dos grandes. Passou por mim um tubarao dos grandes (bem, medios...para nao exagerar) e varios cardumes de snapers enormes e muitos outros que nao sei o nome. Uau....
No regresso um fundo do mar visto no bottom glass boat e muito coral tao diferente e colorido.
Regressada a terra e depois de confirmar que nao ha net nem eletricidade na terrinha, dirijo-me para o meu hotel e a surpresa total. Encontro o Miguel, que tinha chegado nessa manha e que fartou-se de perguntar por uma portuguesa que viaja sozinha, pequenina. Ninguem sabia. Tinha acabado de decidir ficar nesse hotel e eu a chegar ao meu quarto. Foi de rir. Mais um encontro.


Fixe. Assim ficam mais facil os meus ultimos dias. Pegamos numa mota (eu arrumei a bicla) e andamos estrada fora. Acabadinhos de chegar, com o Miguel a tentar comprar um voo para makasar a 5.12.

Beijinhos grandes a todos. Ja tenho saudades dai. Do meu cantinho e dos amigos todos, todos mesmo. E da familia, claro!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Nusa Lembongan

De volta a praia e a mais uma ilha. Nao me canso disso. Do mar, do som das ondas, da brisa fresca e do sentir-me de ferias. Ja tinha saudades disso. Estes anos todos de viagem por sitios tao distintos foram fantasticos, mas ficava sempre com a sensacao de nao ter tempo para uma boa praia (apesar de as ter, nalguns dias), mas foram sempre poucos os dias dedicados ao mar. E eu sentia falta de mar. Ja me queixava disso ha algum tempo, dado ter estado 3 anos seguidos em viagens por paises sem mar!
Foi desta!

Tres spots em tres ilhas diferentes deram-me uma percepcao fantastica da Indonesia. Cada pequenina ilha em que estive para fazer praia/snorkling foram em tres ilhas grandes diferentes (sulowesi, lombok, bali), com diferentes religioes e culturas. E e disso que se trata a Indonesia. Um imenso pais cheio de culturas tao distintas que e incrivel imagina-la como um pais unico. Dai o encanto.

Ontem ainda deu para uma paragem novamente em Ubud, que delicia... e sempre bom voltarmos a sitios que gostamos, a gentes e locais que nos marcaram. La fui eu, mostrando Ubud a Natalia e Miguel (que ainda ficou por la, para saborear mais devagarinho) num so dia. E percorremos montanhas de quilometros de arrozais e caminhos para lado nenhum, com muito sol e gargalhada. No final, estavamos todos cansados, com aquele cansaco bom de termos gasto as nossas energias em caminhadas e cheios de vontade de um mergulho na minha piscininha favorita. Ainda fomos brindados por uma cerimonia no final do jantar, com dancas e musica de Bali, no tempo principal... Ubud no seu habitual e no seu melhor.

Hoje dia de viagem ate ca. Nao custou nada. Mais um autocarro e mais um barco. Cheguei para o almoco.
A primeira vista Nusa Lembongan nao e tao bonita como as Gili Air. Tem algum barulho de fundo, numa baia afastada, cheia de turistas que viajam de barco/os dos resorts e das festas (distingo-os porque nao sao viajantes!!!) e chateiam porque nao vem conhecer um pais, vem andar de barco e fazer as mm coisas que fazem nos seus paises.

A aldeia, misturada com os bungalows e uma tipica aldeia de pescadores. O mar, algo picado (na mare alta) mas que depois de esvaziado mostra as culturas de algas que os locais fazem no fundo do mar. Ja tinha estado numa praiinha assim, em Zanzibar, na Tanzania, e por isso reconheci as algas que secam ao sol e as plantacoes que consigo adivinhas no fundo do mar.

Ainda sao so primeiras impressoes. Ainda mal sai daqui. Ja vejo surfistas e divers, metidos na agua. e Ja me deram a dica dos melhores spots de prainha (numa baia de mangrove) e a dream beach, mais longe. Ha a possibilidade de ir pescar com os pescadores (diziam no meu hotel) ou de me juntar aos divers e fazer snorkling com a malta do mergulho, ficando eu a superficie... vou ver o que posso fazer. Entretanto...vou procurar uma bicla para mim e andar por ai a gastar os ultimos dias.

Amanha (3.12) e depois (4.12) fico por ca. Dia 5.12 (sabado) rumo a Kuta para uma curta paragem de chega-dorme-parte, so porque e a 5 min do aeroporto. Parto a 6.12 (dom) de Dempasar ate Jakarta (arranjei um voo fixe pela AirAsia e assim, nao tenho que abobrar em Jakarta!!) bem cedinho e aguardo pacientemente pelo meu voo de regresso, ja mais no final da tarde, via Kuala Lumpur-Londres-Porto.
Vou chegar cansadinha ao Porto, e certo....mas muito muito arejada.

Beijinhos a todos e ate daqui a 5 dias.
(Sao tantas as saudades das minhas pequeninas que ja comeco a imaginar o regresso...)

Miguel, se tiveres mudado de ideias e ficado por Bali : instalei-me no Bunga Bungalo, com vista para o mar, porque o outro (Pondok Barona) so tinha quartos muito caros (os mais fixes ja esgotados). Viras para a direita mal chegas no barco e segues junto a areia. E o que tem um restaurantezinho sobre o mar. Nao ha que enganar.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Gili Air e mais snorkeling




Parei no tempo e fiquei quatro muito confortaveis dias em Gili Air. La nao ha carros nem motas. Apenas biclas e cidamos (carrocas do tempo da pre-historia que fazem o trasporte dos locais e dos turistas a volta da ilha). O meu hotel um luxo, maior que a minha casinha do Porto, com dois andares, uma rede, um chuveiro fantastico e uma praia com o mar a perder de vista mesmo em frente.

E perdi-me nesse mar imenso que ja tantas saudades tinha. Virei peixe e mal sai da agua. Encontrei tartarugas enormes e muito pacatas no fundo do mar e milhentos peixes coloridos que ja reconheco pelo nome (alguns) e soube tao bem estes dias em Gili Air. A ilha, pequenina e com gente muito boa onda. Da-se a volta em pouco mais de uma hora de passo lento. Ha alguns turistas e muito peixe bom para se jantar, fresquinho. As sextas tudo para porque e dia dos mussulmanos, mas tirando isso mal se nota. Os locais sao muito muito simpaticos e nada interessados no teu dinheiro. Fazem desconto em tudo, talvez por estar fraco o turismo. Bom para mim.

Encontrei o Miguel e a Natalia (ou melhor, eles encontraram-me de rabo para o ar, a espreitar o fundo do mar, quando ouvi um Luisa, Luisa... your friends are here!!!). Uau! nem queria acreditar, eram mesmo eles.... e soube bem partilhar o hotel (tao espacoso que coubemos os 3, cado um num andar distinto, ficando a dormida a pouco mais de 5 euros!!!), e muita muita conversa boa pela frente, porque ja tinha saudade de falar com amigos. E falamos e rimos e nadamos e comemos e dormimos. Eis o que fiz durante estes dias. Pouco para relatar, sendo este um blog de viagem. Mas soube tao bem. Ver a cor do ceu todos os fins de tarde, ouvir os passarinhos ao amanhecer e mergulhar num mar imenso e mais nada.

Beijinhos a todos. Comeco em contagem decrescente ate chegar ao Porto, mas antes ainda um regresso rapido a Ubud, para deixar a Natalia no aeroporto e dois dias de outra praia mais a sul, para aproveitar ate ao fim. A partir dai o inicio do regresso, sempre duro.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Ubud, cozinha e mais arroz

Ultimo dia em Ubud.
Ja tratei do bilhete e parto amanha para as Gili. Tive noticias da Natalia, metidos num barco com 2 dias de duracao. So la chegam a 27.11, mas eu rumo para la amanha.

Entretanto depois de um mergulho pela manha na minha piscina favorita (tirei uma foto hoje, para recordar), meti-me pelos arrozais, outra vez e desta vez by foot e apenas com a maquina a tiracolo. E so me apetecia continuar... a paisagem muda constatemente e e sempre bom sinal quando tenho aquela vontade constante de fotografar. Fico com aquele ar de quem encontrou outra vez um sitio especial. E era. Metida pelos arrozais, meti o pe na agua/na lama, atravessei arrozais, trilhos e pedacos de floresta. As vezes um ola de alguem que passa, e a pergunta do custume: Which country are you from? e a exclamacao do costume: Oh, Portugal! Nice country... Cristiano Ronaldo, good!!! e um sorriso daqueles, de admiracao. E outra pergunta, Coconut? e eu, nao obrigada. Descobri ha muito que nao gosto nada de agua de coco, pelo menos quando esta morna, acabadinha de apanhar do coqueiro. Esquisitices minhas.... Mas a admiracao pela simpatia.
 
Ja meia perdida, encontrei uma amiga. Uma Japonesa de Toquio muito fixe. Estava sentada num banquinho a desenhar. Faz a vida disso e vai expor em Toquio em Janeiro. Passou em Ubud um mes inteiro, em Setembro, e regressou ha uma semana para mais um mes por ca. Passa o tempo a desenhar os arrozais e conhece ja quase todos os locais a volta de Ubud. Todos lhe perguntam como vao os seus desenhos e ficam todos contentes quando ela lhes mostra o seu trabalho do dia. Mostrou-me tambem, enquanto bebiamos uma coca-cola fresca junto do Gusti que nos queria levar ate a queda de agua perto de sua casa, ali perto, local de banhos. Paguei a bebida a uma menina de olhos grandes e com um gatinho no colo que me fez lembrar a minha Carolininha com menos 4 anos. Ficou no meu colo o tempo todo enquanto conversavamos.

Partimos as duas, trilho abaixo ja com a ideia do almoco. Eu tinha combinado uma sessao de culinaria Balinesa as 16h e ela tinha o arroz do almoco feito e a espera em casa de um amigo local, logo mais abaixo.
La fomos. Mostrou-me no mapa outros sitios a ir, outros pedacos de paisagens a merecer visita e deu-me 4 pinturas delas tornados postais. E um convite, partilhar a sua casa, quando me decidir visitar o Japao. Irei.

Entretanto, a meio da tarde la fui eu ter com o meu cozinheiro, que me esperava de avental e com os ingredientes postos na mesa. Bebi primeiro um cha e la fui eu, a ver se melhoro esta qualidade que acho ser, saber cozinhar coisas boas.

O menu era: Sopa Bakso; Pepes (frango ou atum cozinhados e enrolados em folha de bananeira e depois grelhado ate ficar bem tostadinho); Satay (espetadinhas de frango grelhado com molho balinez); Vegetais com coco; arroz de acafrao; a preparacao dos molhos para todos estes pratos, a base de tudo (o molho de acafrao e o molho balinez) e por fim Dadar Gulung, a sobremesa feita de panqueca embrulhada em caramelo e coco.
Tirei notas e fotos e no fim comi tudo!!! E acredito que sou rapariga para tentar repetir em casa, na minha casa nova! Estao todos convidados...... para um jantar de Balinese Food!!!



Em jeito de conclusao, Ubud foi claramente uma experiencia unica. Sem grandes expectativas quando aqui cheguei, confesso, tenho que me dar por conquistada!
Em cinco dias re-encontrei o equilibrio. Encontrei uma religiao e um povo especial. Aprendi a pintar, perdi-me nos arrozais a descobrir caminhos, relaxei em banhos e cuidados, deliciei-me com comidas e receitas que levo comigo. Levo tambem o gosto no saber estar e sobretudo no encarar o tempo com serenidade.

Ha pouco cruzei-me com um vizinho de rua, que me ve desde o primeiro dia na azafama do sobe e desce a rua do meu hotel. Hoje riu-se e disse-me `now I can feel you more relaxed. I can see it in your eyes.`
Sorri, agradeci e concordei. E isso que levo de Ubud.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Ubud, aprender a pintar

Dia de silencios. De cuidar.
Hoje fui tratada como uma princesa.
Primeiro houve uma aula privada, com dois pintores so para mim, que me ensinaram as tecnicas, corrigiram os erros, deram sugestoes, ensinaram. Fiz a minha primeira pintura Batik e trago-a comigo. Ficou melhor do que pensava. :)
No final ainda fiquei na conversa com o velhote, um falador e filosofo. Dise-me que pintar era uma terapia. Eu concordei. Acabamos a falar da vida, do sentido da vida, do espirito e do sentido de uma vida bem vivida. Sai de la satisfeita com a minha pintura.

Entrei no meu hotel e saltei para dentro da piscina, um habito que comeco a adquirir, tal o calor do meio da tarde e acabei com vontade de uma massagem, adiada desde ontem.

Massagem completa versao balinesa com seawead and yogurt scub and spice and flowered bath. Por 12 euros senti-me mais proxima de uma rainha. E passo a pormenorizar: deixando os complexos na rua, fiquei em pelo e tive a melhor massagem de sempre (e ja levo algumas experiencias, dado os meus destinos serem sempre para estes lados do mundo). Nem sei bem como descrever. Retenho alguns pormenores, tecnicas e sensacoes boas, com a ideia de as repetir um dia destes, experimentando-as. Fui envolvida em cuidados, deram-me banho e no fim pude mergulhar numa banheira coberta de petalas e cheiros suaves, quentinha. Fiquei de molho e a apreciar as nuvens, e o barulho de alguns passarinhos que esvoacavam.
E fiquei leve, leve como uma pena. Nao resisti e trouxe comigo oleos para um banho semelhante, em casa.

Entretanto, apesar da paz, comeco a acusar alguma angustia de estar sozinha, e ja sem ideias para mais Ubud. Por isso aguardo noticias do Miguel e da Natalia, e amanha trato de arranjar transporte para as Gili, com a intencao de chegar la a 26.11. Dizem que demora cerca de 5h ate la chegar. Ha a alternativa 3x mais barata, mas demora mais de 10h. Pago o preco e rumo para la da maneira mais directa.
Sei que la vou encontrar praia, snorkling (ja perita e equipada) e estradas onde so andam biclas (nada de motores), mas preciso de mudar de ares e sobretudo de gente que fale portugues, dos amigos.

Beijinho grande a todos,
Tenho saudades das minhas pequeninas e algumas saudades do resto, mas ainda nao as suficientes.
Ate amanha

Pedalada e macacos

Hoje, espero a hora para ir de encontro a uma aula de pintura, batik. Vou aprender a pintar como os de ca, num dia.... estou a ser optimista, claro. Mas espera-me um dia sereno e de aprendizagem. Vai-me fazer bem, de certeza.


Ontem encontrei o caminho dos arrozais, e foi muito fixe, tal e qual as fotos e os postais. Ate la chegar perdi-me imensas vezes, por causa dos sinais proibidos do trasito, que depois percebi nao ligarem nenhuma e por causa do mapa, pouco dado a pormenores. A bicla, ui.... sem mudancas e toda enferrujada, fez-me ter tantas saudades da minha, a minha espera... e fez-me sentir raiva por nao saber conduzir uma moto (vou aprender mal chegue a Portugal, e uma promessa!)


Primeira paragem, a floresta dos macacos. E um pequeno jardim/floresta? numa das extremidades de Ubud, onde andam cerca de 300 macacos que so nos procuram para roubarem a comida. Ha sempre turistas idiotas que conseguem enfurecer um macaco porque pensa engana-lo e esconder a comida que traz. Ganha sempre o macaco.
Entreti-me a ve-los, a eles e aos turistas (li nestas ferias a `quinta dos animais` ou como e mais conhecido `o triunfo dos porcos` e pensei bastante nisso durante a minha pausa por la). Deliciei-me com os mais pequeninos e com as guerrinhas de poder entre os mais jovens.



Antes, durante o almoco comecei a reparar que imensas mulheres locais estavam vestidas a preceito e traziam cestos coloridos na cabeca. Dirigiam-se todas para o templo dos macacos. Mal peguei na bicla encontrei uma procissao com musica e guarda-chuvas gigantes, todos se dirigiam para a floresta dos macacos, para onde eu tambem ia . Segui-os mas, para minha frustracao, como nao estava vestida a rigor, fiquei a porta, a espreitar.



Muitas mais mulheres encontrei durante a tarde, nas estradinhas ja fora de Ubud, tb todas vestidas com os trajes tradicionais e com os cestos na cabeca. Ja noite dentro, quando regressava ao hotel encontrei imensas, sentadas na berma da estrada, com os cestos todos agrupados no meio da rua, esperavam. Perguntei a uma mulher o que significava aquilo, mas so pude entender que eram oferendas ao deus macaco. O porque daquele dia, nao pude entender. Ninguem me conseguiu explicar em ingles entendivel.


Entretanto la fui, estrada fora, perdida entre campos de arroz, com o fim de tarde como pano de fundo e com a bicla ao meu lado, porque sempre que havia uma pequena subidinha, eu nao tinha pedalada para me aguentar nela....

Assim, mal me apanhei no hotel, mergulhei na agua fresquinha, com um entardecer e o restinho de sol para me enquadrar na minha piscininha do hotel. Ah... que bem que sabe. Alegre por ter tido um dia cheio de imagens e sensacoes.

Ubud e claramente uma mistura dificil de explicar, onde apesar de um turismo quase  massificado, se encontra a essencia de uma cultura.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ubud, templos e tempo para relaxar

Deliciada com o encanto, com o cuidado, a gentileza.
Ubud faz-nos sentir tudo isso.
Ontem andei pelas ruas, a gastar o tempo e a encher o olhar de gentes, templos, dancas, musica.
Tempo para me tratar bem. Repousar. Pensar.
Primeiro um mercado. Gosto sempre de mercados e da confusao imposta pelo frenezim de vendedores que tentam a todo o custo convencer-te a comprar. Fartei-me de comprar e regatear.
Depois aprender a orientar-me nas ruas e a descobrir sitios especiais. Almocei num sitio especial, com um jardim de lotus em frente e a serenidade que isso nos tras. Mais tarde fui la ouvir uma peca de teatro com dancas tipicas de ca, noite dentro. Antes disso ainda me permiti a uma Balinese Massage..... para me fazer esquecer do corpo cansado da caminhada e ao deitar, um mergulho na piscina dentro do templo que e o que parece o meu hotel, para me refrescar do calor de um dia pelas ruas de Ubud.
Ah, sabe bem este tempo de espera. De descoberta.

Hoje, ja tarde na manha, preparo-me para finalmente pedalar. As saudades da minha bicla......
Vou por ai, a descoberta de campos de arroz e antes uma passagem pela floresta dos macacos, as portas da cidade.

Ate ja.

domingo, 22 de novembro de 2009

Bali - Ubud

Dei-me por vencida e aterrei ontem em Bali. O que eu queria mesmo era espreitar a remota Papua. Ainda tenho esperanca de la ir... a ver o que acontece nos proximos dias.


Entretanto, aterrada em Ubud. Sitio claramente diferente das minhas ultimas paragens por terras do Sulowesi. Quase me tinha esquecido que havia turistas na Indonesia, pois vi tao poucos e a espacos.

A primeira impressao, pois aterrei ontem e so cheguei ao meu hotel ja noite dentro, e de uma terrinha muito simpatica, mistica quase, com gente devota e muito centradas na sua religiao (aqui sao todos indus), as casas e os hoteis completamente apeteciveis... o meu tem piscina pequenina no meio de um jardim e o meu quarto tem um terracinho com uma poltrona para eu descancar nas horas de mais calor.... o pequeno almoco e servido no meu terraco e tudo, tudo muito delicado....

Acordei bem dormida, uma vez que ando com os fusos de ca, e se me deito depois das 21h... e so quase arrastada. E foi dormir numa imensa cama com ventoinha por cima, a refrescar, e com vista para um jardim bucolico.


A manha foi passada a vaguear, sem planos..... descobrir ruas e vielas, templozinhos e casas proprias que tb parecem templos. Parar e assistir a uma aula de danca, aprender com as mulheres a fazer flores e cestinhos de oferenda aos deuses, passar no mercado e comprar insenso.... (acho que fui roubada.... mas nao me apetecia quebrar o espirito) e depois deixar-me ir, atras de borboletas lindas e entrar em lojinhas que me fazem ficar roida por nao ter espaco na minha minuscula mochila... e que mesmo assim, consigo trazer sacos de coisinhas que vou comprando aqui e acola, perdida, como uma menina que ve imensa coisa que gostava de ter. Encontrei 2 vestidinhos que me fizeram sorrir :) por me fazerem sentir mais bonita.

Ainda nao sei bem o que fazer com o meu tempo... ainda a procura do que nao compreendo.

Mas antes, tenho que contar que fui conquistada por Tomohon. Terrinha boa. Encontrei uma paisagem unica. Perdi o olhar entre arrozais, sucalcos cultivados de todo o tipo de vegetais salpicados de agricultores (e eu a querer ser uma delas..... ainda com mais vontade do meu quintal que ha-de ser), montes e montanhas, vulcoes e floresta densa, impenetravel, terrinhas e aldeias perdidas no meio do nada, improvavel a passagem por la, inesqueciveis porque souberam a descoberta e inesquecivel a disponibilidade de todos, comigo a apontar no mapa, a procura da estradinha e do nome da terra que achava ser.
Nao me vou esquecer desses sorrisos, do meu sorriso la, em Tomohon.




Miguel e Natalia, fico a vossa espera por ca. Quando se fixarem num sitio, apanho-vos. As Gili parecem-me acessiveis para mim a partir daqui. Ou posso tenter ir ter com voces a Sumbawa. Apitem, com pormenores, para tratar de me juntar a voces.

Entretanto vou tentar combinar uma aula de pintura ou Batik.... a ver se nao me perco em mais compras.
Beijinhos a todos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Tomohon e um tempo mais fresco

Tomohon e uma vilazeca na base de um vulcao imponente e omnipresente.

E um local fresco e agradavel, um verdadeiro jardim dado todas as casas terem imensas flores e vasos cheios de plantas que conheco, mas bem mais exuberantes, o habitual dos tropicos. E um sitio pacato, com uma estrada principal, que atravessa a terrinha e depois pequenas ruazinhas que serpenteiam a volta das casas que olham o vulcao.

Eu fiquei num hotelzinho simpatico, num imenso jardim com laguinho e tudo. la, apenas eu e um casal simpatico ja na casa dos 60 anos, ele um ingles que foi casando com francesas e por isso ja com sotaque mais frances do que outra coisa. Viajam, tal como eu, de mochila e chinelo no pe. Sem mais. Quero um dia ser assim, quando tiver a mesma idade: aventureira e sem medo de perder o confortavel do mundo conhecido, apesar das artroses!!!...

Ontem ainda tive tempo de me aventurar ate ao terminal de autocarros/mini-vans (chamados ca de mikrolet, hehe) e apanhar um que me levasse ate ao lago mais proximo (Danau Tondano).

Uau!!!! Apesar de a meio ter sido apanhada pela carga de agua que caiu durante quase toda a tarde, e foi tt a chuva... percebi estar num daqueles sitios magicos, que me faz ter o brilho nos olhos por ter encontrado o sitio especial. Arrozais a perder de vista, num imenso verde que so ca consigo encontrar, salpicados de espantalhos coloridos a imitar pequenos homenzinhos para meter medo aos pardais e as garcas, que nao tem medo nenhum e que quando levantam voo deixam aquela fotografia ficar mais especial ainda. E mais a frente o lago, brilhante e com as margens cheias de casas de bambu suspensas, com pequenos barquinhos de pescadores, que pescavam pacatamente ou que montavam pequenas armadilhas ou viveiros feitos de estacas de bambu, dando todos estes pormenores, um sitio unico e especial.

Acabei parada numa casa na margem do lago, que e de certeza um sitio turistico (pelo menos para os locais) porque tem piscina com hot springs (Objek Wisata Remboken). Nao tinha levado fato de banho, por isso por la passei grande parte do tempo a fotografar passarinhos que queriam comer o meu arroz, ao som de uma chuva intensa mas boa de ouvir, depois de me deliciar com peixinho grelhado feito especialmente para mim.

A comida indonesia tem-me deixado crescer agua na boca e tem sido uma muito agradavel supresa. Ainda nao me correu nenhuma vez mal.... e o peixe tem-me deixado cada vez menos carnivora. No regresso ao hotel partilhei a paragem de autocarro com 2 mulheres que se fartaram de rir ao perceberem que estavamos todas a espera do mesmo e que provocava gargalhadas sempre que desabafava ao perceber que ainda nao era a microlet azul bebe que esperavamos pacientemente, de guarda chuva na mao.


Os ultimos 2 dias tem sido mais alegres do que pensava quando ca cheguei. A sensacao de liberdade, a alegria na descoberta de sitios magicos, o tempo que muda constantemente mas que sabe bem, a gargalhada facil e o sorriso na alma, por sentir que ha dias e sitios mais especiais que outros. Tem sido boa esta viagem, apesar de tanto que podia nao ter sido e tanto que poderia ser mais ainda. Valeu a pena a partida e o Sulowesi.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Pulau Bunaken - Tomohon

Seis dias sem carros, sem TV nem internet, electricidade das 18 as 8h e agua na torneira tb.


Seis dias rodeada de mar quentinho, de tempo para gastar em livros, musica, conversa boa, de tempo para gastar a fazer festinhas e brincadeiras boas com os imensos caezinhos e gatinhos bebes e os pais deles e os irmaos mais velhos, uma familia enorme.

Seis dias para pensar, pensar, pensar na vida que tenho hoje e na que eu quero ter, na que possa vir a ter, seis dias de banhos mornos, de chuvas mornas, intensas e acompanhadas de trovada e de ceu sempre pronto para sol e chuva, no mesmo minuto.


Seis dias de muito mar, seis dias para perder o medo do mar, dos peixes grandes que vi no fundo e que me perseguiam como se eu fosse uma presa, enormes.


 Passei horas a espreitar esse imenso fundo do mar, que e tao povoado e colorido, tao estranhamente bonito. Ainda consegui ver uma tartaruga, mas eu ja estava dentro do barco e faltou a companhia dos golfinhos, habituais neste mar, e vi tanto tanto peixe que quase os distingo pelo nome.

Seis dias que tb deram para conhecer pessoas, os rapazes do hotel e do barco, os que me faziam companhia a superficie e me mostravam peixinhos que eu nao tinha visto, me guiaram e seguravam a minha mao quando havia um peixe com mais boca que barriga, que dancaram comigo em noite de copos e muita musica no bar de kareoke da aldeia, um de cada vez.

Que me mostraram (a todos nos) as tartarugas que tinham acabado de nascer, na praia e que por serem tao pequeninas, as apanhamos e recolhemos para crescerem mais um bocadinho e nao serem devoradas pelos  peixes do mar antes do tempo.
Tempo para encontrar outros viajantes, com conversas de circunstancia ou grandes conversas sobre o mundo e a vida. E sempre bom encontrar outros olhos que tb veem o mundo.


Hoje, na partida e ja com saudades dessa pausa no tempo e na minha vida, desse tempo bom e simples, porque a vida tem que ser simples. Ainda mais saudade quando os deixei no barco depois de atracar, ja em manado, e me ver outra vez rodeada de carros e barulhos e gente que tb e muito simpatica, mas que eu nao conheco. quase me tinha esquecido da cidade, do que e viver numa cidade.


Os planos foram (e ainda bem), ficar na base de um vulcao (nao activo!!!, lindo e imponente) a 30km de Manado, uma aldeia de tempo mais fresco, rodeada de flores e passarinhos por todos os lados. Um bungalow catita e sossego... e esperar pelo dia 21 para apanhar o voo ate Dempasar e parar por Ubud (conselho da Joana) para me entreter com coisas do espirito e do corpo (quero com isso dizer massagens!!!!).

Miguel e Natalia... entao ja deixaram Bali!!! assustados com a cena muito povoada de turistas de kuta? Acho que vos apanho nas Flores... ou onde quer que estejam. So hoje percebi que ainda me faltam tantos dias ainda...

Beijinhos a todos e ate ja (acho que a partir daqui estarei menos reclusa e mais atenta ao mundo dai...)
Bruno, da noticias a contar das minhas pequeninas (para quem nao sabe, falo das minhas Maria e Carolina, companheias de sempre e que me deixam saudades de cada vez que parto).
Quero noticias dai tb.... se as houver, claro!!!
Joana, ja estas no Sri Lanka.... :)

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Manado-Pulau Bunaken

Eis-me de novo. A viagem ate Manado, no norte do Sulowasi teve que ser nao pelo interior, estrada fora, mas de aviao. Foi sem espinhas. A chegada a Manado facil facil. Gente simpatica, gentil e disponivel a ajudar. Tenho ficado com cada vez melhor impressao desta gente. Sempre com aquele medo implicito a um pais maioritariamente mussulmano, percebi que nao sao iguais a todos os outros.

As gentes da Asia sorriem porque simplesmente passamos na rua e trocamos olhares. Hoje dei por mim a pensar nisso. Se em Portugal sorrissemos tanto como ca, seriamos certamente um povo mais feliz e aberto ao mundo.

Sai do aeroporto e encontrei as facilidades todas de um taxi e de alguem pronto a me levar para um barco, ja que nao queria perder tempo na cidade e procurava antes uma ilha qualquer com coqueiros, praia e uma varandinha de um bungalow simplesmente virado para o mar, e poder adormecer embalada por essa brisa e esse vai e vem das ondas de um mar morno.



Pulau Bunaken e uma ilha muito proxima de Manado, muito pronta e quase irritantemente virada apenas e so para o mergulho. todos os hoteis tem precos para divers and non-divers.

Ora eu so mergulho na minha banheira, dada a minha mariquice em nao achar piada nenhuma a me ver perdida num mar mais profundo do que eu. Assim, apesar de quase olhada de lado, propus ficar no bungalow mais perto do mar e a promessa de que iria fazer snorkeling e sim, ver muito do coral que por ca ha, mas pertido de terra, para nao perder o pe. A onda e boa, apesar da minha sensacao de nao pertencer ao mundo dos todos poderosos mergulhadores.

Encontrei alguns parceiros nisto de nao sermos os maiores do mar, e pronto, comprei hoje oculos de snorkling (para nao estar sempre a comprar a dias, os oculos que uso desde ontem), convencida do mundo que nao conheco e quero ver, a cores.

Ontem foi fixe. quase perdi o medo de me aventurar pelo mar fora, mas amanha parto com os mergulhadores e fico-me pela superficie, eu e os meus oculos, enquanto assinto ao mundo dos profissionais disto. Talvez um dia deixe de ser tao caganita e me aventure a ondas mais profundas.

Todas as noites, a malta do hotel reune-se serao adentro, embalados em musicas tocadas com instumentos quase de crianca, mas que entretem todos, e nos poe quase a cantar o refrao, em conjunto. Parti-me a rir quando ouvi a musica brasileira de muitos bailaricos que quase nao sei de onde me vem, na memoria, que ca vai: mama eu quero, mama eu quero, mama eu quero mamar, na chupeta....etc etc. Que gargalhada. quando explico ao rapaz que aprendeu a musica, mas que nao sabia nada sobre o que siginficavam as palavras que canta noite apos noite......prometido take 2 para esta noite.... haha!!!!!

Miguel e Natalia: bemvindos.... quase quase!!!!!. gostei de ler os vossos planos. Eu tenho um bilhete para Bali no dia 21 porque nao consegui nessa data voo para a Papua (cheios ou com muitas paragens a obrigar a pernoitar onde nao queria). O resto deixo em aberto para me poder encontrar com voces. Flores ou Maluku fazem-me ficar com o brilho nos olhos, porque sozinha me parece muita areia para a minha camioneta....... beijinhos e ate ja.

Aos que continuam presos no frio dai, so posso ter um sorriso bom, cheio de calor.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Ainda em Rantepao

Hoje dia de ocio... ah, gosto mesmo desta palavra. acordar tarde e nao me importo nada em ter ouvido galos a cacaregarem e claramente com o fuso trocado, rezas muculmanas mum chamamento aos devotos por volta das 4h da manha... isto porque hoje dormi que me fartei, tomei o pequeno almoco quase ao meio dia e passei a tarde em leituras e pinturas e musiquinha boa a embalar-me o tempo, e o calor na varandinha e as ameacas de chuva que nunca se concretizaram.
enfim, dia de ocio puro, por isso nada para contar. ainda com tempo de tentar encontrar um voo de makassar para gorontalo, e parto as 20h, rumo a makassar. de la espero conseguir rumar a gorontalo e parar alguns dias nas ilhas. se nao, parto para outro sitio qualquer, porque ferias e isto mesmo.... disponibilidade para qualquer destino. ainda nao me decidi se quero passar o resto do tempo em bali ou se ganho coragem e sempre vou a papua. a questao passa por ser muito remoto (ou seja, pouco contacto com estrangeiros, mais concretamente mulheres estrangeiras) e eu viajar sozinha. ontem estava irritada com estes pensamentos. porque e tao limitado o mundo para uma mulher. nao se consegue ir a todos os sitios que queremos, simplesmente pelo facto de ser mulher. e muito muito irritante.
Enfim, vou pensando e talvez me decida. se me ficar pelo conforto de bali tambem nao fico nada mal...
beijinhos a todos e ate breve.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Rantepao - uma cerimonia

Pois, hoje dia de encontro a um funeral/ritual. Vao todas as pessoas das aldeias mais proximas e quem mais quiser estar. Eu fui. Metida numa Bemo (transporte local) e com quase todo o mundo a caminho do mesmo sitio. Quase todos vestidos de preto, passavam inumeras pick-ups cheias de mulheres, homens e as oferendas que fariam parte do cortejo (porcos, bufalos, cha, cafe, acucar, cigarros e comida). A aldeia onde iria ocorrer a cerimonia era a uns 20km de Rantepao. A paisagem ate la, a do costume: arrozais a perder de vista, num verde brilhante de plantas de arroz acabadinho de plantar. A chegada a confirmar que estava la toda a gente. e um balhulho ensurdecedor de porcos presos a pedacos de bambu, a adivinharem a sua sorte. fiquei sempre arrepiada com esse som. acho que cada vez mais me aproximo da vontade de um vegeterianismo mais serio, porque e desumano assistir a uma matanca (e fazemo-lo todos os dias, apenas nao o presenciamos e o que nao vemos nao doi...). A cerimonia: uma constancia de rituais de familias de todas as aldeias, cada uma na sua vez, a trazer a sua oferta a familia de luto, todos com trajes tipicos. Canticos, rezas e mais nao sei o que. Foi-me oferecido um lugar para sentar, na casa onde ficava o chefe da aldeia. ai fiquei a festa toda. E fui recebida como somos sempre recebidos por estes lados. quase como se todos me conhecessem, ofereceram-me comida (imensa), cha e bolos, enquanto eu distribia sorrisos e fotografias e absorvia todo o cortejo, numa perpetuacao de passos desde o antigamente, muito antes de chegarem ca outras religioes. Acreditam que o sacrificio de animais (bufalos e porcos) permite a que a alma do familiar falecido va acompanhada pela alma desses animais oferecidos..... ate a proxima vida. E assim, por la fiquei... horas e horas. assisti a parte que me fez ter lagrimas nos olhos e me esconder por tras de uma coluna, ao sacrificio do bulfalo. Nao gostei nada de estar la nesse momento. No final todos partilharam a comida de todos, partilharam a carne que todos trouxeram. Ofereci acucar, antes de partir, e agradeci a hospitalidade.
Sai de la com a sensacao de ter vivido mais uma experiencia unica, dificil de descrever.
Antes do regresso, ainda passei por uma aldeia onde estavam artesaos que esculpiam a madeira (e claro que comprei coisinhas para a minha casa nova.... :)) e ainda espreitei tumulos antigos, empoleirados em pedacos escavados de montanhas..... um sitio arejado para se estar ate aos confins dos tempos.
O restinho do final da tarde, entre uma soneca (ainda a procura do fuso certo destas paragens) e leituras boas na varandinha do meu bungalow.
Amanha ainda por ca, mas ja com a cabeca em outras paragens. Descobri hoje que a estrada rumo ao norte esta cortada. e que a demora seria de uma viagens pensada em 8h, passar a ser de 15 ou muito mais.... vou voltar para traz (makassar) e dai tentar apanhar um voo para o norte, encurtando o tempo de la chegar. Destino: ilhas Togean, bem no meio da linha do equador. Ja nao tenho idade nem pedalada para aguentar um lugar sentado e espremido, num autocarro apinhado e abafado. Esperam-me umas ilhas perdidas e esquecidas, com muito mar pela frente. Para la chegar: voo makassar - manado, depois ferri de gorontalo ate as ilhas. sera uma pausa antes de partida para outras ilhas. ainda nao pensei bem para onde vou a seguir, mas tenho tempo....ainda tenho muito tempo.

Amanha ainda com tempo de conhecer as redondezas, tentar encontrar outras aldeias e perder-me na paisagem.

domingo, 8 de novembro de 2009

Rantepao - Tana Toraja

Hoje dia de aventuras.
Ontem foi so dia de recuperar do cansaco de uma longa viagem ate aqui. mas a merecer todos os km feitos.
Tana toraja e uma regiao metida no meio de montanhas, algures a meio do sulowesi. Ha chuva e trovoada a noite, o suficiente para arrefecer um pouco a temperatura tropical e depois ha uma chuvinha ou chuvada que cai e que e agradavel, porque refresca e que passa, tal como comecou... de repente. As pessoas, o ja habitual pela asia toda, sempre com um sorriso desarmante por onde quer que passe, sempre com um ola, how are you, sem mais. Apenas a curiosidade de ver quem passa e a hospitalidade generosa de quem oferece um banco para sentar a fresca, ao meio do dia e o mesmo sorriso de sempre, franco. E depois ha a paisagem. aqui consegue-se sentir o tempo passar devagar, metida por atalhos no meio de arrosais, na margem de um rio castanho e vagaroso, cheio de um inicio de moncao que ainda mal comecou, consigo ouvir os passarinhos, pardais barulhentos, garcas, libelinhas e borboletas gigantes, multicolores e claro, as criancas que aparecem sempre, em bandos, cheias de curiosidade de gente estranha, que primeiro estranham, mas que depois se enchem de curiosidade e se deixam fotografar baloicando, em pose.
E ha o comer macas, descascadas e que sabem pela vida, na margem de um rio qualquer, metida em parte nenhuma, no meio de arroz acabado de plantar, mas que ja esta verdinho. e a paisagem que me faz esquecer esse mundo dai, sempre cheio de pressa. Ah... sabe bem estar por aqui.
As pernas comecam a sentir cansaco, depois de um dia de caminhada, 10km a vaguear. nao e muito, mas ainda estou no principio.
antes houve o mercado e comprinhas tipicas que gosto de fazer no mercado. um mercado que existe de 6 em 6 dias e onde se vendem bufalos e porcos, oferendas que se fazem em funerais cheios de rituais e que sao muito importantes nesta regiao, atracao turistica. o mercado tem de tudo. e claro que tive que comprar cha e cafe, um caneco para o poder beber em fins de tarde e uma colher de pau, gigante, para juntar as muitas outras que vou colecionando. o regatear nao tem sido facil, tal e a minha dificuldade em entender os numeros, as notas e o cambio que ainda nao me dei ao trabalho de fazer... mas acabamos sempre por encontrar solucao, mostra-se uma nota, depois outra, a ver se acerto no preco. parece-me bem e compro e digo teri makassi ou melhor obrigada e recebo mais um desses sorrisos bonitos.
Amanha ha um funeral algures numa aldeia proxima e portanto, apesar de parecer um coisa meio estranha, la vou eu procurar entender este ritual tao enraizado, que demora varios dias, onde se constroi uma casa nova, agora morada do familiar falecido, seguido do sacrificio de um ou varios bufalos e onde a carne e distribuida pela andeia segundo uma ordem hierarquica definida pela familia. Nao sei mais pormenores, mas amanha ja os saberei.
Ate la, beijinhos a todos.
Falta ainda um fim de tarde e uma comidinha para o jantar, encomendado por ser especial...

sábado, 7 de novembro de 2009

tana toraja - sulowasi

Depois de muitos quilometros, em transito durante horas a fio (porto-londres-kuala lumpur-jakarta-makassar-rantepao), eis-me no meio de montanhas algures muito perto do equador. Ha chuva e calor e humidade que entranha, mas que sabe bem. Ainda no principio de tudo. ate agora foi ainda o chegar. E houve peripecias que correram muito muito bem ate chegar. A indonesia e agradavel na chegada e parece melhor ainda daqui em diante. Amanha vou espreitar um mercado que acontece de seis em seis dias e deixo o resto do dia para passeios e o jet lag ainda a optimizar. Depois de amanha vai haver uma cerimonia importante-ritual de funeral, muito falado por ca, algures numa aldeia a norte que vou procurar.
E hoje jantada e de barriga bem cheia a querer muito um sono bom.
Beijinhos a todos e ate breve.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

De partida

Faltam 3 horas.
Três horas para largar a vida de cá e abrir a janela do mundo.
Já o espreito há tanto tempo, mas cresce sempre uma angustia, na partida. Uma espécie de inquietude, de não saber para onde vou, o que vou encontrar, quem vou encontrar. É a parte divertida da partida, essa adrenalina que se mistura com o desassossego.
Gosto sempre das coisas de cá, tenho sempre saudade antecipada, saudade da vida pacata, do conforto, do previsível da rotina. Mas a vontade de correr o mundo é bem maior e vence o conforto do previsivel. E hoje quase me sinto empurrada a ir, uma necessidade.
Gostava de poder adivinhar como vai ser o regresso, como vou ser nesse dia, porque há tanto a acrescentar e como vai ser o durante, o percurso, a viagem (e falo da interior, obviamente). Os planos ainda não estão formulados, acho que mais soltos que o meu habitual, presa que ando noutros pensamentos.
Espero ter talento e imaginação para poder descrever o que os meus olhos vão ver, o que vou aprender, o que vou trazer comigo, porque quero partilhar com quem me quiser ler e entender.
Beijinhos e até breve.