quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O regresso

E o regresso começou com um acordar cedo para o barco ate Sanur, com as ultimas fotos la em Nusa Lembongan ao amanhecer, com os olhos postos no mar e a sensação de saudade deste tempo sem tempo, deste tempo sem passado e sem futuro, sem expectativas ou desilusões, apenas o viver dos dias um atrás do outro, a saborear as horas que passaram, as vezes mais lentas que o tempo mas sempre com a rapidez que um mês de pausa da vida proporciona.



Houve a paragem em Kuta que só serviu para esperar algumas horas, sentar na praia povoada de gente e ver o por do sol, como todos os outros, e pintar, com as ultimas rupias, as unhas dos pés de um verde cor de mar e de algas.... acreditem que foi hilariante a parte de escolher a cor do verniz porque é coisa a que não estou nada habituada. Ficou bem fixe e lá fui eu com o por do sol posto, toda contente praia fora, a olhar para os meus pés morenos e nada bonitos mas agora coloridos e com a tristeza de os ter que esconder, a partir daquele momento.

E depois lá começou a espera pela hora da partida. Ainda acordei a meio da noite, sobressaltada com a trovoada forte e o óbvio corte de electricidade durante a noite toda, que me preocupou e me fez sonhar, sobressaltada, que na manha seguinte não teria voo para Jakarta e ficaria retida algures, por ter perdido os voos de regresso.

Não aconteceu nada disso, apanhei boleia na mota do segurança lá do hotel que ia a caminho de casa depois do turno da noite, que me levou atrás com as mochila hiper-pesada nas costas e eu meia em desequilibro, estrada fora, a ter que dar as indicações porque o velhote nunca tinha ido ate ao aeroporto. Encontramos o aeroporto e la fiquei. Os voos on time e sem espinhas. 1:45h ate Jakarta. Depois uma longa espera de 9h algures num banco, ora deitada ora sentada, ora a ler ou a ouvir o ipod e a amizade de quem também espera de um rapaz de Java, engenheiro hídrico que trabalha no Catar e que me deixou o seu mail para se um dia me decidir a visitar a ilha de Java. Lá fui eu, meia partida de tanto esperar, num voo de 2h ate Kuala Lumpur e depois de rajada meti-me no voo longo de mais de 13h até Londres. Deu apenas para perceber a discrepância na riqueza das lojas e no consumo desenfreado do aeroporto de KL. Fogo... já não estava habituada a tanto luxo e lojas.

O voo, sem espinhas. Dormi, vi 3 filmes, comi e voltei a dormir. Acompanhada por um Inglês típico e uma jovens Australiana, o voo custou porque demasiado e por saber que não era último.
Em Londres às 5:00h e com 5ºC lá fora, com chuvinha continua, claro. Autocarro para mudar de aeroporto, mais uma hora de espera e outra de viagem ate Gatwick. Lá cheguei, com frio, mas não tt quanto esperava e ai, já cansada e a pedir cama. Custou esperar mais 4:30h porque já tinha esperado tanto e desde há tantas horas. Encontrei um Marks and Spencer cheio de coisas boas que gostava de ter cá, nos nossos supermercados e o espírito natalício espalhado por todo o lado. Já me tinha esquecido disso. Já só faltam 2 semanas para o Natal e eu a milhas da coisa. Enfim. Apanho-o num instante, eu sei...

As 11:30h metida no avião da EasyJet e as 13:30h no Porto. Uff. Foi duro. Quatro voos e muitas horas dentro de aeroportos e outras tantas dentro de aviões. E um chegar a casa, e ela meia em pantanas mas 2 pequeninas de olho arregalado a olharem para mim, apesar de prontas a fugirem para o caso de não ser eu. Sempre era. E que bom chegar a casa, ter 2 pequeninas só para mim, um sofa, um cantinho meu.

A parte má, o frio e o céu escuro, carregado. O acordar as 5:30h da manha e a noite ainda lá fora e longa. O relembrar que o que deixei cá continua igual, os sonhos, as ilusões e desilusões, o trabalho (que já ouvi estar pior ainda), a Luisa. Tenho planos e uma casa para trocar. Tenho sonhos que me parecem cada vez mais difíceis de concretizar, e que continuam sonhos. Tenho tanto ainda que fazer. Tenho tudo ainda por fazer. Tudo. Uma vida por fazer. Espero, depois de passar o moreninho da pele e a cor nos pés, continuar a encontrar a alegria que encontrei lá, na Indonesia.

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