segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Rantepao - uma cerimonia

Pois, hoje dia de encontro a um funeral/ritual. Vao todas as pessoas das aldeias mais proximas e quem mais quiser estar. Eu fui. Metida numa Bemo (transporte local) e com quase todo o mundo a caminho do mesmo sitio. Quase todos vestidos de preto, passavam inumeras pick-ups cheias de mulheres, homens e as oferendas que fariam parte do cortejo (porcos, bufalos, cha, cafe, acucar, cigarros e comida). A aldeia onde iria ocorrer a cerimonia era a uns 20km de Rantepao. A paisagem ate la, a do costume: arrozais a perder de vista, num verde brilhante de plantas de arroz acabadinho de plantar. A chegada a confirmar que estava la toda a gente. e um balhulho ensurdecedor de porcos presos a pedacos de bambu, a adivinharem a sua sorte. fiquei sempre arrepiada com esse som. acho que cada vez mais me aproximo da vontade de um vegeterianismo mais serio, porque e desumano assistir a uma matanca (e fazemo-lo todos os dias, apenas nao o presenciamos e o que nao vemos nao doi...). A cerimonia: uma constancia de rituais de familias de todas as aldeias, cada uma na sua vez, a trazer a sua oferta a familia de luto, todos com trajes tipicos. Canticos, rezas e mais nao sei o que. Foi-me oferecido um lugar para sentar, na casa onde ficava o chefe da aldeia. ai fiquei a festa toda. E fui recebida como somos sempre recebidos por estes lados. quase como se todos me conhecessem, ofereceram-me comida (imensa), cha e bolos, enquanto eu distribia sorrisos e fotografias e absorvia todo o cortejo, numa perpetuacao de passos desde o antigamente, muito antes de chegarem ca outras religioes. Acreditam que o sacrificio de animais (bufalos e porcos) permite a que a alma do familiar falecido va acompanhada pela alma desses animais oferecidos..... ate a proxima vida. E assim, por la fiquei... horas e horas. assisti a parte que me fez ter lagrimas nos olhos e me esconder por tras de uma coluna, ao sacrificio do bulfalo. Nao gostei nada de estar la nesse momento. No final todos partilharam a comida de todos, partilharam a carne que todos trouxeram. Ofereci acucar, antes de partir, e agradeci a hospitalidade.
Sai de la com a sensacao de ter vivido mais uma experiencia unica, dificil de descrever.
Antes do regresso, ainda passei por uma aldeia onde estavam artesaos que esculpiam a madeira (e claro que comprei coisinhas para a minha casa nova.... :)) e ainda espreitei tumulos antigos, empoleirados em pedacos escavados de montanhas..... um sitio arejado para se estar ate aos confins dos tempos.
O restinho do final da tarde, entre uma soneca (ainda a procura do fuso certo destas paragens) e leituras boas na varandinha do meu bungalow.
Amanha ainda por ca, mas ja com a cabeca em outras paragens. Descobri hoje que a estrada rumo ao norte esta cortada. e que a demora seria de uma viagens pensada em 8h, passar a ser de 15 ou muito mais.... vou voltar para traz (makassar) e dai tentar apanhar um voo para o norte, encurtando o tempo de la chegar. Destino: ilhas Togean, bem no meio da linha do equador. Ja nao tenho idade nem pedalada para aguentar um lugar sentado e espremido, num autocarro apinhado e abafado. Esperam-me umas ilhas perdidas e esquecidas, com muito mar pela frente. Para la chegar: voo makassar - manado, depois ferri de gorontalo ate as ilhas. sera uma pausa antes de partida para outras ilhas. ainda nao pensei bem para onde vou a seguir, mas tenho tempo....ainda tenho muito tempo.

Amanha ainda com tempo de conhecer as redondezas, tentar encontrar outras aldeias e perder-me na paisagem.

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